sexta-feira, outubro 16, 2015

Meu novo corte de cabelo!

Sabe quando você se olha no espelho e, apesar de gostar do que vê, se sente um pouco enjoada? 

Enjoada não é a palavra exata para o que eu sentia quando me olhava no espelho. Apesar de amar o meu black, eu sentia que o meu visual estava um pouco "monótono". Além disso, meu cabelo foi apenas crescendo, ganhando algumas falhas devido ao uso excessivo de grampos e afropuffs. 

Sei que estava segundo com o projeto Esperanza Spalding, mas não ia adiantar deixar apenas o cabelo crescer sem concertar algumas falhas. Sem contar que eu estava namorando esse corte de cabelo há muito tempo!



Bom, corte que fiz chama-se tapered hair cut. Ele é um corte muito usado pelos homens (crespos ou não), mas ganhou força entre as mulheres (principalmente entre as crespas) por ser versátil, prático e muito elegante!

Eu cortei meu cabelo em casa. Estava planejando fazer isso ainda em Londres com a ajuda do namorado, mas ele estava receoso e isso me contagiou. Poderia ter ido em algum dos diversos salões afros que existem lá (porque diferente daqui, lá tem muitos salões que entendem o nosso cabelo) mas quis economizar e fazer isso eu mesma, principalmente ao encontrar diversos vídeos das gringas cortando o próprio cabelo.

Assim que desembarquei no Brasil, passei a tesoura. Devo confessar que não foi fácil. Levei dois dias para acertar o corte. Fiz tudo na tesoura e não usei maquininha pra acertar o corte. Criei uma playlist com os vídeos que me baseei. É só clicar aqui.

Gostei muito do resultado!

Os cuidados são os mesmos que eu tinha antes: hidratações semanais, método LOC para deixar o cabelo bem hidratado e saudável, evito passar óleo onde o cabelo está mais curto pois minha raiz já é muito oleosa e tenho problemas com seborreia. Fazer fitagem ficou mais fácil e rápido e não me sinto mais monótona haha!

Um vídeo muito legal sobre isso é o da Gabi Oliveira. Gosto muito do canal dela. Ela é super engraçada e espontânea.

quarta-feira, outubro 14, 2015

Não destrua nem deixem destruir a sua autoconfiança



Um desabafo rápido em meio a tantos rascunhos e posts que gostaria de publicar antes, mas que necessito fazer pois as palavras e o sentimento ainda estão engasgados na garganta.

Fazem 3 semanas que voltei para o Brasil depois de morar por 6 meses em Londres. Nova vida, novos desafios. Assim que desembarquei em casa, resolvi fazer o corte de cabelo que eu tanto estava desejando (logo logo posto sobre ele). 

Minha mãe gostou muito do corte! Ela mesma já teve o mesmo corte de cabelo que eu tenho agora, com a diferença de que na época ela alisava o cabelo e foi obrigada a adotar esse corte de cabelo por conta de um corte químico após o uso de tintura. 

Ontem eu tive uma entrevista de emprego e estava super animada para isso, já que fui muito mal na última entrevista. Eu já estava arrumada e com o cabelo devidamente arrumado e lindo, com os cachinhos definidos e apontando, do jeito que eu gosto e com menos volume do que eu gostaria. Pena que não tirei uma foto :/

Então minha mãe vem com o seguinte conselho: "Já que você vai a uma entrevista, não deixe seu cabelo assim todo pra cima, dá uma batidinha pra abaixar ele. Não é bom se apresentar com o cabelo todo espetado assim."

Oi? Meu cabelo é crespo! Não me peça pra "baixar" meu cabelo!

Na hora, eu respirei fundo para não soar grosseira, mas a resposta precisava ser. Apenas disse: "Eu sei que a senhora quer me ajudar, mas em relação ao meu cabelo eu peço pra senhora não se meter, pois do meu cabelo cuido eu."

Ela ficou chateada, obviamente. Ela tinha boas intenções achando que estaria me ajudando, mas aquilo só contribuiu para estragar meu humor e minar minha autoconfiança.

Lembrei da minha última tentativa de transição, quando eu havia cortado o cabelo (eu ainda anão tinha feito o bc) e ela perguntou quem tinha feito aquela m... no meu cabelo. Eu chorei e no mesmo dia comprei um pote de relaxante.

Lembrei de como minha mãe não me ensinou a aceitar e amar minhas características desde cedo. Pois desde que me entendo por gente eu alisava o cabelo com pente quente, "apertava" o nariz para deixá-lo mais fino (um dos meus sonhos era fazer rinoplastia. Hoje, fuck that). 

Eu não culpo a minha mãe. Ela é mais uma vítima na nossa sociedade racista (como tantos negros por aí). Na época dela, o racismo era ainda mais agressivo. Hoje, nós temos uma série de recursos para nos proteger, temos uma rede de informações que ajudam a quebrar tabus e a valorizar a nossa identidade. Hoje, os negros enchem o saco dos brancos e eles dizem que somos "vitimistas". Estamos nos emponderando.

Eu percebi que, no meu caso, o caminho teve que ser inverso. Eu é que tenho que ensinar à minha mãe questões sobre identidade e autoestima negra. Eu é que tenho que faze-la aceitar o cabelo que ela me deu. Eu tenho que ensiná-la que se uma empresa implicar com o meu cabelo, essa empresa é racista o bastante para não servir para mim, que eles precisam avaliar o meu CV e não o meu cabelo.

Eu vou ensinar isso aos meus filhos, e, se tiver oportunidade, à minhas sobrinhas. Ganhei autoestima e autoconfiança tarde, mas sempre soube me impor. Eu quero que eles sejam autoconfiantes desde cedo. Essa é a missão de toda mãe (e pai também) negros.